
Após uma mudança de casa, Bruce Gilden descobriu centenas de folhas de contato e negativos nos seus arquivos pessoais, a partir de trabalhos realizados em Nova York, sua cidade natal, entre 1978 e 1984. Desses milhares de imagens, muitas das quais eram absolutamente desconhecidas até do próprio autor, Gilden selecionou cerca de cem para o seu mais recente livro, “Bruce Gilden: Lost and Found”.

“Para encurtar a história, não sou uma pessoa muito organizada e, quando me mudei do loft onde morei durante 35 anos, em Nova Iorque, empilhei, na nova casa, milhares de negativos em caixotes e nunca os abri durante três anos. No ano passado (2018), no verão, eu estava em casa com alguém que trabalhava para mim e, num frenesim de limpeza, começámos a olhar para todas as velhas imagens de Nova York que eu tinha no meu estúdio em Beacon, onde moro agora. Lembrava-me de algumas e de outros não, então decidi olhar para os meus velhos negativos e folhas de contacto. Passei praticamente o verão de 2018 inteiro a examinar mais de dois mil rolos. Era trabalho de um antropólogo e, quando descobri estas imagens, fiquei muito surpreso porque não achei que tivesse alguma coisa nesses rolos.”

Estes trabalhos inéditos de Gilden apresentam uma Nova York retratada de forma diferente do remanescente da sua obra. Um Gilden na casa dos trinta e sem flash (cujo uso, Gilden tornou quase obrigatório na sua abordagem à fotografia de rua), que via Nova Iorque de uma forma muito singular e numa atmosfera visivelmente tensa. A maioria das imagens recentemente publicas estão carregadas de personagens extraordinárias e carregadas de personalidade.







ACERCA DE BRUCE GILDEN
Bruce Gilden nasceu no Brooklyn, Nova Iorque, em 1946. Frequentou abreviadamente a Penn State University, mas achou o curso de sociologia muito aborrecido para o seu temperamento e abandonou a formação académica. Experimentou, igualmente de forma abreviada, a ideia de ser actor, mas em 1967 decidiu comprar uma câmera e tornar-se fotógrafo. Embora tenha participado em algumas aulas nocturnas na Escola de Artes Visuais de Nova York, Bruce Gilden deve ser considerado, substancialmente, um fotógrafo autodidata.
Desde a infância que sempre foi fascinado pela vida nas ruas e pelo movimento complicado e fascinante que isso envolve, e essa foi a centelha que inspirou os seus primeiros projectos pessoais de longo prazo, fotografando em Coney Island e depois durante o Mardi Gras em Nova Orleães.
Ao longo dos anos produziu projectos fotográficos longos e detalhados em Nova York, Haiti, França, Irlanda, Índia, Rússia, Japão e agora nos Estados Unidos. Desde os anos setenta que o seu trabalho tem sido exibido em museus e galerias de arte em todo o mundo e faz parte de muitas coleções.
O estilo fotográfico de Bruce Gilden é definido pelo sotaque dinâmico das suas imagens, pelas suas qualidades gráficas especiais e pela sua maneira original e directa de fotografar os rostos dos transeuntes com um flash. As poderosas imagens de Gilden em preto e branco e agora a cores, trouxeram fama mundial ao fotógrafo.
Gilden recebeu muitos prémios e subsídios pelo seu trabalho, incluindo bolsas da National Endowments for the Arts (1980, 1984 e 1992), a “Villa Medicis Hors les Murs” (1995), bolsas da New York State Foundation for the Arts (1979, 1992 e 2000), uma Japan Foundation Artist Fellowship (1999) e, em 2013, uma bolsa de estudos da Fundação Guggenheim.
Bruce Gilden publicou 15 monografias com trabalhos seus, entre elas: Facing New York, 1992; Bleus, 1994; Haiti, 1996 (European Publishers Award for Photography); After The Off, 1999; Go, 2000; Coney Island, 2002; A Beautiful Catastrophe, 2004; Foreclosures, 2013; A complete Examination of Middlesex, 2014. Em 2015, Gilden publicou Face, e Hey Mister Throw Me Some Beads! Em abril de 2016 lançou Un Nouveau Regard Sur la Mobilité Urbaine.
Bruce Gilden é um fotógrafo da Magnum Photos desde 1998. Mora em Beacon, Nova York.

Mais de Bruce Gilden
Site do artista: www.brucegilden.com
FB: www.facebook.com/BruceGilden
T: twitter.com/brucegilden
IG: www.instagram.com/bruce_gilden

Ao longos dos últimos 10 anos dediquei praticamente todos os momentos livres à fotografia que, por imposição de valores mais altos, não possuo como educação formal. Químico por (de)formação, tento partilhar um pouco mais desta paixão aceitando o convite de escrever uns rabiscos aqui no EFE.