Nascido em Nova Iorque em 1934, Steve Schapiro descobriu a fotografia com apenas nove anos. Animado pelo potencial apresentado pela câmera fotográfica, passou as décadas seguintes nas ruas dos EUA, sobretudo Nova Iorque, a registar desde os temas mais mundanos aos eventos de importância maior na história daquele país. Inicialmente foi a inspiração transmitida pelo trabalho de Henri Cartier-Bresson que o motivou, mas rapidamente ganhou um estilo próprio, muito próximo da acção e do assunto.
Com uma educação formal na Fotografia surgida do período em que estudou com William Eugene Smith – figura emblemática do fotojornalismo americano – foi com ele que Schapiro praticou e aprendeu as técnicas fotográficas que fazem de qualquer pessoa, potencialmente, um fotógrafo. Ainda assim, confessa que aprendeu sobretudo a saber formar a sua visão pessoal do mundo e a criar a sua personalidade fotográfica, se é que isso existe.
O interesse constante de Schapiro no documentário social e o seu retrato consistentemente empático relativamente aos seus assuntos fotográficos, são uma clara consequência dos dias passados com W. Eugene Smith, assim como o foi o desenvolvimento de uma abordagem fotográfica humanística e socialmente consciente.
A partir de 1961, Schapiro trabalhou como fotojornalista freelancer. As suas fotografias tiveram divulgação internacional nas páginas e nas capas de revistas como a Life, Look, Time, Newsweek, Rolling Stone, Vanity Fair, Sports Illustrated, a People ou mesmo a Paris Match.
Foi exactamente na década de 1960, fruto das convulsões políticas, culturais e sociais nos EUA, que foi proporcionado a Schapiro um ambiente particularmente estimulante para seu o trabalho e que lhe foi então permitido afirmar-se como fotojornalista e documentarista, cuja importância social jamais será apagada.
Durante essa época, a chamada “era de ouro do fotojornalismo”, Schapiro produziu ensaios fotográficos sobre assuntos tão variados quanto a adição a narcóticos ou a Páscoa no Harlem, o ambiente do Apollo Theatre, o Haight-Ashbury, que é tido como o local de nascimento do movimento Hippie, o forte protesto político que varreu a América, a campanha presidencial de Robert Kennedy, entre muitos outros temas.
Activista e documentarista, Schapiro cobriu muitas histórias relacionadas com o movimento dos Direitos Civis, incluindo a Marcha sobre Washington por Trabalho e Liberdade, e a marcha de Selma a Montgomery pelos Direitos de voto. Chamado pela Life a Memphis após o assassinato de Martin Luther King Jr., Schapiro produziu algumas das imagens mais famosas desse trágico evento.

Esteve também na história particularmente comovente sobre a vida dos trabalhadores migrantes no Arkansas, produzida em 1961, quando tinha 25 anos. Na altura, o plano de Schapiro foi “simples”, conforme confessou numa entreviste à LIFE em 2014. “Atribuí a mim próprio uma missão: fotografar um campo de migrantes no Arkansas e, de alguma forma, mostrar as fotografias a um editor da LIFE”. Schapiro passou quatro semanas no Arkansas. Quando voltou para Nova York e revelou o filme, viu que as suas fotografias mostravam exactamente aquilo que esperava que mostrassem e sentiu-se de alguma forma validado. Uma pequena revista católica chamada Jubilee publicou “Os migrantes” como o seu primeiro ensaio fotográfico, dedicando-lhe oito páginas completas. Mais relevante ainda, o New York Times escolheu uma das fotos para capa de secção. Logo depois disso, a Life ofereceu-lhe trabalho e o resto é história em imagens.
Ainda relativamente ao trabalho sobre as massas migratórias, as imagens de Schapiro informaram os leitores acerca das difíceis condições de vida daqueles trabalhadores, o que provocou mudanças tangíveis nas suas condições de vida, das quais se destaca a instalação de electricidade nos seus acampamentos.
Na década de 1970 e depois de uma década tão intensa como a anterior, Schapiro mudou a sua atenção para o cinema. Com grandes empresas cinematográficas como clientes, produziu materiais publicitários de filmes tão variados como o Padrinho com Marlon Brando e Al Pacino, Midnight Cowboy com Dustin Hoffman e Jon Voigt, Taxi Driver com Robert De Niro, Jodie Foster, Cybill Shepherd ou Harvey Keitel, Chinatown de Roman Polanski, The Way We Were, Rambo, Risky Business, entre muitos outros. Também colaborou em projetos com músicos, como Barbra Streisand (que também entrou em The Way We Were) e David Bowie, para capas de discos e arte relacionada.

Ao longos dos últimos 10 anos dediquei praticamente todos os momentos livres à fotografia que, por imposição de valores mais altos, não possuo como educação formal. Químico por (de)formação, tento partilhar um pouco mais desta paixão aceitando o convite de escrever uns rabiscos aqui no EFE.