Voula Papaioannou (n.1898-m.1990) nasceu em Lamia, mas cresceu já no ambiente da capital, Atenas, onde frequentou cursos de pintura na Universidade Técnica Nacional de Atenas (NTUA). O “passatempo” da fotografia teve início já numa idade avançada, mas absorveu Papaioannou por absoluto e acabou por dar início à sua carreira começando a fotografar as exposições em nome do Museu Arqueológico Nacional, concentrando-se por isso em estudos de paisagens, monumentos e exposições arqueológicas.
A declaração de início da Segunda Grande Guerra, já em finais de 1939, marcou um ponto de viragem na carreira de Voula Papaioannou, já que a fotógrafa, à semelhança de tantos milhares de pessoas na Grécia, foi intensamente afectada pelo sofrimento da população civil de Atenas.
Como a maturidade de quatro décadas de vida, Papaioannou percebeu rapidamente o grau de poder da sua câmera no despertar da consciência colectiva. Documentou a partida das tropas, o esforço de guerra e os cuidados recebidos pelas primeiras baixas. Quando a capital grega esteve refém das afiadas garras da fome, Voula Papaioannou revelou os horrores da guerra com cada uma das suas imagens.
Já após a libertação, e no papel de membro da unidade fotográfica da UNRRA (Administração de Assistência e Reabilitação das Nações Unidas), visitou o interior de uma Grécia devastada, onde registou as difíceis condições de vida enfrentadas pelos seus compatriotas. Apesar deste registo de pobreza e devastação, o trabalho de Voula Papaioannou, imortalizou rostos e histórias das pessoas comuns em fotografias que, contudo, exaltavam mais a dignidade do que o sofrimento subjacente àquela condição.


O seu trabalho fotográfico na década de 1940 a 1950, é um documentário social marcante. Após a guerra, ainda durante a década de 1950, o trabalho de Papaioannou expressou o optimismo que prevaleceu no pós-guerra, um pouco por toda a Europa. No entanto, as suas fotografias da histórica paisagem grega não são, de modo algum, romantizadas. Retratam-na sim, como dura, árida, inundada de luz e pobreza, e seus habitantes como seres orgulhosos e independentes, apesar de toda as dificuldades que teimavam em os assombrar.
O trabalho de Papaioannou apresenta um forte pendor para a “fotografia humanitária”, corrente que abundou na Europa por altura da década de 1940, altura em que a Segunda Grande Guerra foi o principal catalizador de tal abordagem, sobretudo por força do abuso de direitos humanos ocorridos durante a guerra. A sua câmera registou a árdua luta dos seus compatriotas pela sobrevivência, mas com o respeito, clareza e grau de envolvimento pessoal que transcende as fronteiras da Grécia e reforça, intemporalmente, a fé na força do homem comum e no valor intrínseco da vida humana.
O seu arquivo foi doado no museu Benaki (Atenas) em 1976.

Ao longos dos últimos 10 anos dediquei praticamente todos os momentos livres à fotografia que, por imposição de valores mais altos, não possuo como educação formal. Químico por (de)formação, tento partilhar um pouco mais desta paixão aceitando o convite de escrever uns rabiscos aqui no EFE.