
O bioco, emblemático elemento da indumentária das mulheres do povo da zona de Olhão, foi comum até meados do século passado. Há registo de desagrado das autoridades, e até de tentativas de repressão por, nos finais do século dezanove, o considerarem um anacrónico vestígio da dominação muçulmana do Algarve. Aos olhos do poder, o anonimato que permitia era propiciador, espante-se, de actos de libertinagem.
Mas não foi a proibição de 1892, nem tampouco o assédio das autoridades, o porquê que o remeteu para os baús familiares e os museus. Esse trabalho tem de ser atribuído verdadeiramente à evolução dos costumes, e a uma relativa uniformização cultural da sociedade portuguesa, no terceiro quartel de novecentos.
Artur Pastor, no seu sistemático registo de Portugal, não deixou de captar naturalmente o bioco nas suas deambulações algarvias.
Texto e selecção de imagem: Não me mexam nos JPEGs / Júlio Assis Ribeiro