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Diogo Margarido, Benção dos borregos (Castelo de Vide, Portugal, 1972)

Diogo Margarido, Benção dos borregos (Castelo de Vide, Portugal, 1972)

Diogo Margarido, Benção dos borregos (Castelo de Vide, Portugal, 1972)

Entre as culturas animistas, são frequentes as cerimónias em que se agradece aos espíritos da natureza o usufruto da sua riqueza. Os humanos alimentam-se dos frutos e dos seres do mundo, e é pertinente esta homenagem, não vão os espíritos zangarem-se e recusarem a abundância necessária. Nalguns casos, a cerimónia tem mesmo o carácter dum pedido de desculpa.

Diogo Margarido, Benção dos borregos (Castelo de Vide, Portugal, 1972)
Diogo Margarido, Benção dos borregos (Castelo de Vide, Portugal, 1972)

Entre a cultura cristã, esta riqueza é entendida como uma oferta do criador ao homem, mas embebidos na sua prática permanecem vestígios de festividades prévias, pagãs, em que se festeja o sucesso das colheitas, ou em que se praticam ritos sobre os animais, agradecendo a sua (involuntária) generosidade e tentando prevenir a sua futura escassez.

Tal qual os locais arqueológicos, os fenómenos culturais contêm camadas, e a naturalidade que é introduzida pela pertença cultural é apenas a superfície que oculta a riqueza subjacente.

Texto e selecção de imagem: Não me mexam nos JPEGs / Júlio Assis Ribeiro

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